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Fonte: Dcomercio.com.br

Sem dívidas e mais produtivos. Por que ensinar finanças aos funcionários

Como implantar programas de educação financeira nas empresas para conscientizar os funcionários sobre os benefícios de manter o orçamento pessoal sob controle

Dinheiro não compra felicidade, mas pode evitar muitos de problemas. Quem consegue, por exemplo, levar uma vida tranquila vivendo com o nome sujo na praça?

E está ficando difícil cada vez mais para muita gente. Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, a quantidade de famílias brasileiras inadimplentes atingiu a marca de 8,6% em setembro –o maior porcentual desde junho de 2011.

E quais são os efeitos das dívidas? De acordo com um estudo da Associação Americana de Psicólogos, o quesito dinheiro é apontado por 69% dos entrevistados como principal fonte de estresse.

Outra pesquisa, conduzida pela PwC, apontou que 20% dos funcionários americanos admitem que assuntos financeiros são uma distração no trabalho; e 37% afirmaram que gastam três ou mais horas do expediente semanal para cuidar de assuntos de finanças pessoais.

A reflexão é perda de produtividade e aumento de presenteismo –efeito em que a concentração do funcionário está voltada para assuntos não relacionados ao trabalho.

E qual papel a empresa pode desempenhar nessa questão? Uma saída pode ser copiar o voto matrimonial “na riqueza e na pobreza” e ajudar o funcionário por meio de um programa corporativo de educação financeira

Saiba por que ensinar boas práticas de finanças pessoais pode ser vantajoso para o empregado e para a organização.

DIAGNÓSTICO SOBRE CONSUMO 

Consultorias especializadas possuem diferentes metodologias. Uma delas tem como passo inicial realizar um estudo sobre as demandas e a situação financeira dos funcionários.

Podem ser realizados questionários com perguntas como: “você tem conseguido pagar suas despesas em dia e à vista?”, “você realiza seu orçamento financeiro mensalmente?” e “quando você decide comprar um produto, qual é a sua atitude?”. As repostas podem segmentar os funcionários em três grupos: endividados, neutros e poupadores.

CIDA FRANCO, DA NATURA: CONSULTORAS COM HÁBITOS DE CONSUMO MAIS SAUDÁVEIS PODEM LUCRAR MAIS/DIVULGAÇÃO
Recentemente, a Natura segmentou suas consultoras de vendas em seis perfis: consumista, despreocupada, imprudente, reservada, controladora e calculista.

Os retratos foram relacionados ao comportamento nas vendas. Por exemplo, a “imprudente” não consegue poupar e está sempre com dívidas. O reflexo é que ela costuma comprar e vender parcelado e perde o controle sobre despesas, estoques e cobranças (veja mais exemplos no quadro abaixo).

Os perfis são usados para direcionar conteúdos de capacitação que a empresa disponibiliza numa plataforma online. “Damos dicas de como a consultora pode criar hábitos de consumo mais saudáveis e vender de forma mais eficiente”, afirma Cida Franco, diretora de relacionamento da Natura.

No ar há cerca de 40 dias, aproximadamente 25 mil consultoras já realizaram os treinamentos. A empresa também está com um projeto piloto de encontros presenciais com consultores, que falam sobre consumo e poupança de acordo com panorama econômico do país, além de tirar dúvidas das consultoras.

CONHECIMENTO PARA MUDAR HÁBITOS   

Assim como o programa da Natura, o passo seguinte ao diagnóstico é apresentar conteúdo relevante para conscientizar os funcionários. Podem ser disponibilizados vídeos aula, cartilhas, palestras e workshops.

Geralmente, é solicitado que os próprios empregados analisem quais são as suas despesas e quais gastos podem ser reduzidos ou extintos.

Um ponto importante é salientar que a redução de consumo no presente pode propiciar a realização de sonhos no futuro, como compra de casa própria, carro, viagens e melhor educação para os filhos.

“Numa dinâmica, os funcionários definem seus sonhos e o valor de cada um deles”, afirma Edward Claudio Junior, educador financeiro da consultoria DSOP.

Na sequência, é feito um plano de ação pautado em atitudes do dia a dia para atingir os objetivos. “Os recursos para realizar o sonho devem ser prioridade e não uma sobra do salário”, diz o consultor.

Também são abordados os investimentos mais apropriados para cada objetivo. Por exemplo, aplicar em renda fixa pode ser uma alternativa para quem quer comprar uma casa em médio prazo.

Para quem está interessado em aposentadoria ou reservar dinheiro para a faculdade dos filhos ainda crianças, pode ser interessante aplicações de longo prazo, como planos de previdência.

Algumas empresas também disponibilizam encontros individuais entre os funcionários e consultores. Geralmente, esses encontros são direcionados para pessoas em situações graves de inadimplência ou pessoas que já tem o perfil de poupador e desejam conhecer opções de investimentos mais complexas.

CLAUDIO JR, DA DSOP, EM UM CURSO DE FINANÇAS PARA FUNCIONÁRIOS/DIVULGAÇÃO
COMO AFERIR OS RESULTADOS  

A empresa não pode saber exatamente quais são os funcionários endividados. No entanto, há situações que podem servir como medidores.

Para constatar o efeito do programa, o empreendedor pode observar se houve diminuição no número de pedidos de empréstimos consignados, nos adiantamento de férias e de 13º salário em médio prazo.

Outra forma é monitorar a adesão (ou o aumento no valor mensal) do plano de previdência privada da empresa ou de bancos parceiros.

“Indicadores de produtividade também pode ser usados como reflexo de maior engajamento devido a diminuição do estresse”, afirma Andre Massaro, consultor financeiro.

O empreendedor Carlos Américo Louredo, dono da rede de hamburgueria Joe & Leo’s, de Campinas, sabe bem quando seus funcionários estão com dívidas.

Até 2012, os empregados tinham o costume de pedirem adiantamento de férias e vales entre janeiro e março. Houve até casos de pessoas que queriam ser demitidas para ter acesso ao FGTS.

O motivo do desespero era que o aumento nas vendas no final de ano engordava as comissões em até 30%. Nisso, os empregados aproveitavam para gastar mais. No entanto, quando a demanda voltava ao normal, muitos se vinham perdidos em meio a dívidas.

“Era um problemão generalizado”, afirma Louredo. “Teve até casos de funcionários que emprestavam dinheiro para outros e cobravam juros num esquema parecido com agiotagem.”

Para solucionar o problema, Louredo contratou um consultor que passou a dar treinamentos anuais para os 42 funcionários da empresa. São abordados na conversa tópicos sobre como planejar e administrar os ganhos extras de natal para não afetar o orçamento no restante do ano.

Os cônjuges dos empregados também participam dos encontros, pois, no primeiro ano, teve casos de esposas e maridos que não entendiam por que os parceiros estavam se tornando “mão de vaca”.

Atualmente, todas as práticas de adiantamento de salário foram encerradas devido a falta de pedidos por parte dos empregados.

EDUCAR NÃO É ORIENTAR 

Há alguns fatores com os quais o empreendedor precisa ter cuidado. O principal deles é que a empresa não pode influenciar o funcionário a realizar determinada ação, como recorrer a empréstimos consignados –caso o resultado não seja o esperado, ele poderá culpar a empresa por suas perdas.

Por isso, convém ter cautela com programas de educação oferecidos por bancos, que podem oferecer o serviço casado com empréstimos. “Nesses casos, há o problema de conflito de interesse”, afirma Massaro.

Outro ponto importante é que as informações dos funcionários devem ser sigilosas. A empresa só pode saber dados do total da amostra – e não de indivíduos.

“Caso a empresa não respeite o sigilo, os funcionários terão receio de contar seus verdadeiros dilemas, o que pode comprometer eficácia do programa”, afirma Claudio Junior.

Fonte: Diário do Comércio

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